Dentro de min ven surgindo unha necesidad de me posicionar mais, de me colocar mais, de me comunicar mais,… Por o que decidín publicar dous textos escritos con a verdad do meu corazón nestes momentos especiales….
O primeiro, o mail de despedida de 6 anos de trabalho no Banco:
Brasília, 31 de agosto de 2018
Queridas e queridos colegas,
Hoje é meu último dia de trabalho no escritório depois de seis anos de intenso trabalho aqui em Brasília.
Muitas emoções e reflexões nestas últimas semanas neste processo de virada de página.
Esta semana tive a sorte de escutar uma história que me trouxe muitos ensinamentos para estes momentos de virada. Nela se comparavam os nossos sonhos com fazer bolos. Para a realização desse bolo/sonho precisamos de vários ingredientes (recursos financeiros, ferramentas, habilidades, relações, conhecimento, experiência, etc), sendo muito necessário ter consciência do que é um ingrediente e do que é o bolo.
Ao longo destes 6 anos, fiz vários bolos, um é o bolo geral da própria experiência de trabalho.
Outros bolos foram bem especiais, sendo as minhas contribuições a projetos específicos dos que me sinto muito orgulhosa de ter participado e contribuído (Monitor de Secas do Nordeste, estudo da lei de recursos hídricos e o projeto no Acre). A elaboração desses bolos precisou de receitas complexas, mas resultando em contribuições/bolos com um sabor especial. Outras contribuições deram em bolos bons, e outros bolos / projetos não saíram como gostaria,… mas trouxeram aprendizado para outros.
Desta etapa me levo muitos ingredientes para os próximos bolos: muito crescimento pessoal, muito conhecimento/experiência (a nível técnico, institucional e político, assim como a nível de trabalho em equipe), e muitos colegas que viraram amigxs ao longo dos anos de cozinhar vários bolos conjuntamente.
Outro grande aprendizado da história que escutei esta semana, é a necessidade da leveza no processo de fazer os nossos bolos, trazendo a reflexão da importância de curtir o processo de elaboração dos bolos com leveza e também da importância de saborear os bolos quando eles já estão prontos. Ainda que me diverti com o meu trabalho ao longo destes anos, essa leveza faltou em vários momentos, por ter vários bolos em andamento, por incompatibilidade nos ingredientes, por falta de ingredientes adequados e ou por querer que saíssem todos bem… Esse é um desafio ainda pendente, aprender a fazer bolos com mais leveza,…mas vou chegar lá! 😉
Nesses momentos mais pesados, sem dúvida, os meus grandes motivadores e motores durante todos estes anos para seguir cozinhando nessas horas foram acreditar no significado dos bolos, gostar do processo de elaboração dos bolos, e cozinhar esses bolos com pessoas incríveis com as que tenho aprendido muito e com as que compartilhei o olhares similares sobre desenvolvimento (fortalecendo capacidades locais, promovendo a sustentabilidade, induzindo o pensamento crítico e a resolução de desafios/gargalos/problemas, mantendo o sentido prático e os pês no chão, …).
Me sinto muito afortunada, orgulhosa e grata por ter tido a oportunidade de trabalhar no Banco durante todos estes anos.
Gostaria de agradecer a todas e cada uma das pessoas com as que tive a sorte de trabalhar ao longo destes anos. Foram bastantes pessoas, e de cada uma aprendi coisas diferentes, mas gostaria de nomear aquelas com as cozinhei mais intensamente. Carol e Carla por toda a parceria e compromisso, garra e leveza, e porque sem elas muitos bolos teriam queimado; Thadeu por todo o conhecimento e experiência no setor; a equipe do Acre pelo intenso trabalho e ótima parceria no desafiador projeto do Acre; Juliana por me possibilitar voltar a cozinhar bolos na área de saneamento rural (publicando um estudo estratégico do setor) e por aprender muita (mas muita) coisa desses bolos com ela. E um agradecimento muito especial para Erwin e Paula, com os que cozinhei mão a mão em vários bolos de uma forma muito intensa chegando até a sincronicidade no trabalho em equipe. Os primeiros três anos trabalhando com Erwin fazendo uma parceria de trabalho fantástica que simplesmente é impossível de resumir em poucas palavras por tanta coisa vivida e compartilhada, profundo e sincero respeito e admiração. E com Paula, que compartilhou comigo a sua ampla sabedoria do país e do Banco desde o primeiro dia no Brasil, e com a que tive a oportunidade de embarcar em um desafiador bolo nos últimos dois anos, que precisou de muitos ingredientes e de muita estratégia e trabalho em equipe para chegar no bolo que queríamos. Também profundo e sincero respeito e admiração.
A partir de amanhã começa uma nova etapa, uma etapa de transição na que estarei em Brasília até dezembro, diminuindo o ritmo, trabalhando um pouco como consultora no Banco em alguns poucos projetos e dedicando tempo aos novos bolos que quero cozinhar nos próximos capítulos da minha jornada.
Forte e carinhoso abraço,
Carmen Molejón
….
E o segundo, do renascer que se inicia hoje, 01 de setembro de 2018…
A vida está cheia de ciclos, de transições, de passagens, de mortes e renascimentos, … e ontem encerrei uma etapa muito importante na minha vida, 6 anos de trabalho no Banco Mundial. Anos cheios de muito crescimento pessoal e professional. Tem sido semanas muito intensas e reflexivas para mim. Honrando e agradecendo por tudo o que essa etapa trouxe para mim (conhecimento, experiência, evolução e pessoas maravilhosas). Muito carinho e suporte recebido nestes dias,…muitas lágrimas também (lágrimas que significam o tanto que foi bom). Muito feliz, orgulhosa e grata por este ciclo…
Fim de ciclo quer dizer também desapego, deixar ir,…permitindo abrir espaço para o novo que está por vir. No meu ritual de passagem, me fiz um presente de receber uma massagem Lomi Lomi Nui – feita por a minha querida e admirada Dani Caribé – para me ajudar nesse deixar o que não quero carregar para a nova etapa. Muito especial.
Uma Carmen morreu e outra está renascendo, iniciando uma transição impulsionada pelo que o meu coração me está dizendo, ir atrás de outros sonhos que me transformem e transformem um pouco o mundo ao meu redor. Essa transição na verdade iniciou com um processo de reflexão facilitado faz quase um ano pelo Programa Travessia que Lella Sá sabiamente conduz, partilhando três meses de reflexões com um grupo de mulheres maravilhosas (setembro-dezembro 2017). O processo iniciou um ano atrás, mas hoje realmente sinto o começo dessa transição, que em si mesma será uma jornada.
Pela frente, até dezembro, meses para baixar o ritmo; para trabalhar um pouco com o Banco como consultora; para encerrar o meu ciclo no Brasil como ele se merece (muitos momentos e também muitas lágrimas pela frente me esperam); e para estudar, pesquisar e procurar o que quero para 2019. Em dezembro, no 12/12 partida para a Espanha, onde passarei no mínimo um par de meses para me reconectar com a minha terra, as minhas raízes, a minha família e meus amigxs. E depois? Depois o fluxo da vida dirá…
E para este dia, uma foto de uma viagem que me tocou profundamente este ano (junho 2018) nas mágicas águas do Rio Negro e com pessoas muito queridas na minha vida… Uma lembrança de um momento da viagem muito feliz e alegre no que pulei na água com total confiança. Uma chamada para essa confiança que quero que seja o motor da minha transição,…fazendo também uma chamada para o meu mantra deste ano, as três C’s, Conexão, Confiança e Coragem…
Gratidão!
Foto de Gabi!
E toda esta história no Brasil não teria sido possível sem duas pessoas as que admiro e quero muito,…Victor Vázquez, amigo de longa data e pessoa que me inspirou a trabalhar na área de desenvolvimento humano e cooperação. Ele foi o que indicou meu nome para Erwin, que estava procurando alguém para trabalhar no Brasil no Banco e que me deu a oportunidade… Sem eles dois e sem mim,…nada disto teria acontecido! Gratidão profunda e eterna a ambos, pela oportunidade e por ter vocês na minha vida!
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